A criança acocorou-se, olhou o veleiro ajornalado e logo o largou no ribeiro.
Amanhã o papá faz outro.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
sábado, 7 de setembro de 2013
Estima-se que um luto saudável dure uma média de três meses. Depois existe um incómodo. Um sólido, persistente e inevitável incómodo. É uma versão diluída da dor. Não inspira, não cria, não move. Ê o momento em que se deixa a rabugice de lado e se fica sabendo da impotência. Ele há cá coisas que não se sentem da nossa teimosia. Vamos tomando a nossa consciência, profilaticamente. Primeiro com o nariz tapado e às escondidas, porque disseram que fazia bem; depois, entendendo que o conformismo, apesar de descolorado e aborrecido, nos traz alguma paz. É o "tem de ser". E o "tem de ser" é uma puta que ninguém quer, mas toda a gente come.
E com isto estou incomodada.
domingo, 1 de setembro de 2013
"Eu perco o chão, eu não acho as palavras, eu ando tão triste, eu ando pela sala; eu perco a hora, eu chego no fim, eu deixo a porta aberta, eu não moro mais em mim. Eu perco as chaves de casa, eu perco o freio; estou em milhares de cacos, eu estou ao meio, onde será que você está agora??!"
Não tenho palavras minhas com som. Pedi emprestado.
sábado, 31 de agosto de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Tenho todos os vazios presos cá dentro.
Claro que não estou bem. Tampouco mal. Não estou.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
As noites de Agosto se gastando, como o aprumo das facas. Não há esperança que me amole a alma, Bem.
domingo, 11 de agosto de 2013
Meu Bem, (porque nunca houve outra forma):
Não estamos em Janeiro de 2011. Não estou ansiosa que me escrevas, estou antes esperançosa que tudo isto seja um pesadelo. Estou em crer que a minha réstia de sanidade se desvaneceu por completo. Tenho tantas saudades tuas, Pessoa, tantas!
Fazia tudo tão diferente, agora. Queria voltar, se a gana me valesse, ao parque de estacionamento dos Restauradores. Queria não ter saído daquele carro assim, tão "desleixadamente", tão emancipada, tão medricas, na verdade... Queria ter tido toda a coragem. Queria ter-te dito, quando pude, quando me pregaste o primeiro susto. Queria ir ter contigo quando não fui, fazer o que não fiz. Acima de tudo queria, com todas as forças, maiores do que as que Deus me permitiu nascer, que soubesses disto tudo. Que soubesses como te amo, como me envergonho da imbecil que fui, como a puta da minha vida está tão miserável sem ti, como me arrependo. Evidentemente que a vida não se compadece com arrependimentos deste calibre (desajeitado).
Eu disse-te que era um desastre. Sou um desastre exponencialmente maior sem ti. Eu sei que esgotaste os teus recursos, que deste cabo da paciência, do ego, da razão e do coração só por teres gostado de mim, eu sei... Disseste-mo variadíssimas vezes. Tu ensinaste-me uma coisa, que não foi de eficaz aplicação, na maior parte dos domínios da minha vidinha: a lutar, a querer. A querer muito. Estou também consciente que poderás achar que sou louca. E sou. Decidi o que quero, o que, depois de tanto tempo, é de louvar. Quero-te a ti. E apesar desta ser, provavelmente, uma luta inglória, não vou deixar de a travar. Foda-se, que eu só me posso passar com o mamute do Murphy e a malvada da entropia, mais os seus múltiplos caos inerentes! Puta que pariu a pirralhice do karma e do quid pro quod, da providência e do destino! E no fim a culpa é só minha. Rais'párta a minha estupidez, que merecia sessões incontáveis de auto-flagelação física! (Da outra já temos que chegue por aqui, note-se.)
Veio-me agora à ideia o quão bem me sentia quando te arrancava uma gargalhada. Uma gargalhada alta, gorda. Tu nunca foste espalhafatoso, isso é mais comigo. Eu sou tudo demais. Demasiado estúpida, também. Demasiado triste... Tu tens a gargalhada mais absolutamente incrível que já ouvi. Tu tens o único sobrolho com o qual eu poderia, em alguma época da história da humanidade, ter um affaire. Tu consegues fazer-me chorar a ler ao computador. És muito talentoso, tu. Eu sou só chalupa. Só se perdoam os insanos quando são génios, por isso não vou ter sorte nenhuma. Sem ti sou uma caca insípida, desnorteada e feia. Tu és tão tudo aquilo que eu não sou: és perfeito. É claro que não era suposto ficar contigo... Infatuation, oh infatuation... Sou manhosa, não sou? Tenho mania de caça, camuflo-me, mostro-me mais bonita... Sou uma bela merda, é o que é.
Amo-te. Não passa uma hora desde há três meses que não pense em ti. Prometo. Adormeço todos os dias a ouvir o teu "Tóina", "Bimba" e coisas que tais, repetirem-se nos miolos até estar surda por dentro e destroçada. Aí adormeço. Então decidi que este blog não acaba, não acaba enquanto eu não souber de ti, enquanto eu pensar nos teu braços e no teu feitio intratável a toda, repito, toda a hora. Criaste uma lutadora, pónei, bem vês.
Este blog é condição sine qua non ("Adoro quando resmungas em línguas mortas." Marques, 2012) para a manutenção da minha luta endiabrada, incendiada, enraivada, apaixonada. Não mandarei e-mails, não ligarei (Até, porque perdi o número.), respeitarei todos os limites que me foram impostos. Assim, só ficarás a saber de mim se te lembrares. (Stalker off/ Stealth on) Com todo o amor, somando-lhe a vontade que tenho de que saibas o quanto e como estou aqui. Inteira. Tua. Damn, tão e só tua.
Lembra-te, por favor.
Lembra-te de nós, meu amor.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
É bom saber-te(,) Bem. É um alívio. Agora que te descobri, encerro o blog, certa de lhe ter perdido o sentido. Um dia quem sabe voltarei, um dia quem sabe voltemos a saber um do outro. Agora preciso de tempo para recuperar. É demasiado triste.
E noutro sentido diferente; do afastamento:
"Sinto-nos marginais; clandestinos ao que é certo, à ordem, ao sentido...
Mas sinto-nos(,) Bem."
Desculpa. Não acreditei, não quis, não sei... Principalmente desculpa, se alguma vez te ardeu tanto o coração como me dói agora a mim.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Eu e Tu 60's...
"I've had nothing but sorrow
Since you said we were through
There's no hope for tomorrow
How's the world treating you?"
Since you said we were through
There's no hope for tomorrow
How's the world treating you?"
"Então e qual é o teu plano?" - E sorriu, olhando o céu, certo da malandrice que forrava a questão. Domingo de passeio, Domingo de anseio, Domingo de desejo. Era bom sentir-lhe o peso da cabeça no peito, em cada trago de ar... O plano era só um, o plano é sempre só um. O plano, o tal único, era ele voltar vivo das quezílias ultramarinas. Ela seria um exemplo de perseverança e fé; os filhos seriam três mais um, caso ela concordasse em ter uma menina mais; a casa seria grande e clara, abeirando o mar.
"Que plano?" - Falsa desentendida. Desiludida. Tal e qual os garotos, quando compreendem que a festa terminou.
"Menina..."
Ela interrompe-o:"Não quero falar nisso."
"Sabes que está para breve. Devíamos falar."
"Não vejo que faça diferença." Levantou-se incomodada. Sacudiu a roupa marcada da grama e andou uns metros para diante. Esticou o braço ao tronco de uma árvore e de costas continuou: "Tu vais, tu vens. Não tem de haver mais conversa. É mais fácil que não haja, por agora." Ele levantou-se sem fazer barulho, chegou-se e derrubou-a, em jeito de brincadeira. Rebolaram um no riso do outro. Guimarães iluminou-se. A saia da gaiata ficou menos branca. Sentia-se cheiro a erva molhada.
"Every sweet thing that mattered
Has been broken in two
All my dreams have been shattered
How's the world treating you?"
Has been broken in two
All my dreams have been shattered
How's the world treating you?"
Depois no Cais de Alcântara, no antigo passadiço:
"Escreves-me?"
"Não."
"Porquê?!"
"Porque enquanto não voltares estarei irremediavelmente chateada."
"Vou ter de ir. Adoro-te." Afagou-lhe o cabelo.
"Faço tão mais do que adorar-te." - Pensou ela. E uma lasca estalou-lhe o coração.
"Got no plans for next Sunday
Got no plans for todayEvery day is blue Monday
Every day you're away"
"16 de Julho, 1962
Ninguém poderá calcular a saudade que sinto, meu Bem, ninguém poderá saber. Gosto de ti mais do que entendia. Gosto ainda mais do que supus ser possível gostar-se. Está sempre de chuva, aqui... O Niassa está aportado e sinto uma vontade estúpida de arriscar um embarque. Sou fraca rebelde, infelizmente... Preciso tanto saber de ti. Preciso-nos."
"And I'm asking you darling
How's the world treating you?"
How's the world treating you?"
Pousou o prato que tinha acabado de limpar na banca mais a toalha, espiou a janela demoradamente e soltou-lhe a cortina soalheira. Passou o corredor até à sala, ajeitou o cabelo ao espelho, por cima do aparador, endireitou as fotografias do tampo. Afastou a agulha, tirou o disco e guardou-o.
Espero que voltes.
Não tem de haver mais conversa. É mais fácil que não haja, por agora.
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